A linha
Há uma linha na Nigéria. Uma linha que não está marcada no chão, nem nas paredes ou no tecto. Não a verão no telhado ou no meio da rua; não a busquem no autocarro, não a procurem na internet. No entanto, é uma linha que está por toda a parte e que sentimos assim que chegamos ao país.
É uma linha entre brancos e negros. É uma linha que se move continuamente connosco, e que se encontra sempre que há duas pessoas de cor diferente. Ela faz-se notar pelos "sim senhor" com que eles nos respeitam, enquanto fazem uma vénia, mas também na dureza e crueldade com que a maioria dos gestores negros tratam os seus subordinados, como que procurando afirmar o poder que agora têm. Ela está lá quando somos respeitados enquanto se grita aos negros, ou quando temos direito a comida diferente, num local diferente.
É uma linha fina, mas que nos rodeia, asfixiando-nos enquanto somos enojados por ela. Uma linha contra a qual somos (quase) impotentes...
4 Comments:
geometria descritiva:
não é uma linha.
é uma superfície empenada, que vai rodando em torno de uma geratriz, cuja equação tem algures como variáveis o local, o tempo, a conjuntura, e como constantes o medo, a ambição e a falta de respeito.
ao contrário da linha, que se prolonga em direcção ao um infinito, essa superfície tende a fechar-se numa bolha deformável e expansível, como uma redoma.
agora estás lá dentro. mas deixa lá que ela será permeável à tua passagem quando voltares. mesmo que deixe uns "farrapitos" de indiganção na tua consciência de ser humano.
como quem passa por uma teia de aranha.
infelizmente é mesmo assim.
força nessa coisa!
Ouve lá, mas se isto é uma bolha, como é que ela separa o trigo do joio? Por centrifugação?
Eu pensava que o apartheid tinha sido na África do Sul e que tinha acabado...
O Apartheid da Nigéria é muito mais subtil...!
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