Pior que bons
Já andava farto de ouvir falar dessa história dos cartoons da Dinamarca, e decidi pôr os pontos nos i's com o Paquistanês que temos cá connosco.
"Então mas que merda de berraria vem a ser esta?", atirei-lhe eu à cara, à volta duma cerveja. Uma e apenas uma, porque está visto que o gajo não bebe álcool.
Lá com ele (e com os amigos dele) estava tudo bem que criticassem tudo e que criticassem todos, excepto o profeta. Explicou-me ele que o respeito Maomé é a base intocável da civilização islâmica, e que, embora todas as disposições do Corão possam ser questionáveis e criticáveis, em Maomé ninguém toca.
E eu fiquei a pensar cá para mim (sim, é verdade que tive de pedir um pouco de ajuda à cerveja) que até é verdade que há quem questione o Corão, e é por isso que em diferentes países diferentes disposições se aplicam. Veja-se o caso radical da lei Sharia no Norte da Nigéria em contraste com o easy going da malta do Dubai. E é também verdade que enquanto estive no Paquistão vi muita gente questionar certas leis islâmicas, mas nunca a figura de Maomé.
Mas 'pera aí! como é que os gajos se acham no direito de exigir respeito cego por uma personagem? Mas que merda vem a ser esta? Já não posso dizer mal de quem me apetece? Olha que caralho, hã? Sim, porque isto a malta tem direito de dizer o que lhe vai na veneta: é um direito inegável. Pelo menos na Europa. Intocável! Isso, intocável tal como o Maomé.
Eh pá, mas se nós temos direito a uma coisa intocável, se calhar eles também têm... Então que fique cada um com a sua, e que não haja cá confusões: se eles não quiserem dizer mal do profeta, isso é lá com eles, que não o façam, mas nós que fiquemos cá com a nossa liberdade de expressão. Não queiram eles vir para cá impor-nos a preciosidade deles, que nós não andamos a tentar impor-lhes a nossa.
Oh diabo, mas se calhar andamos. Se calhar andamos mesmo com todas essas tentativas de democratizar o mundo árabe.
C'um catano, isto afinal eles querem ter uma preciosidade intocável, mas nós também; eles querem impingir-nos a preciosidade deles, mas nós também!
Porra pá, expliquem-me lá outra vez que são os maus e quem são os bons, porque a cerveja já não me dá mais ajuda.
Raios!